Tiago Gonçalves Prestes Comenta Análise do Crédito Imobiliário

O crédito imobiliário no Brasil, especialmente aquele proveniente de recursos da poupança, tem passado por uma montanha-russa nos últimos anos. Em 2020, o setor movimentou R$ 124 bilhões, valor que disparou para R$ 205 bilhões em 2021, um recorde histórico impulsionado por taxas de juros baixas e maior demanda por imóveis. No entanto, em 2022, o volume caiu para R$ 179 bilhões, e a previsão para 2023 indica uma nova retração, com expectativa de fechamento em R$ 156 bilhões.

Segundo o especialista em finanças e mercado imobiliário, Tiago Gonçalves Prestes, essas flutuações refletem diretamente as condições macroeconômicas do Brasil, especialmente as mudanças nas taxas de juros e a inflação. “O salto de 2020 para 2021 foi um reflexo direto das condições extremamente favoráveis, com juros baixos, que estimularam a compra de imóveis e o financiamento. Isso, somado ao impacto da pandemia, fez com que as pessoas priorizassem imóveis maiores e mais confortáveis para trabalhar e viver”, comenta Tiago.

O Recorde de 2021 e a Queda em 2022
Tiago Gonçalves Prestes explica que o recorde de R$ 205 bilhões em 2021 foi resultado de um alinhamento entre o alto apetite dos consumidores por imóveis e a abundante oferta de crédito. “Em 2021, a Selic ainda estava em níveis historicamente baixos, o que barateou os financiamentos. Além disso, havia um clima de otimismo com a retomada da economia após o primeiro impacto da pandemia”, afirma o especialista.

Já a queda para R$ 179 bilhões em 2022 reflete o início de um ciclo de alta dos juros, que encareceu o crédito imobiliário e desacelerou o mercado. “Com a Selic subindo, o financiamento de imóveis ficou menos acessível para muitos compradores, o que explica a retração observada em 2022”, explica Tiago.

Expectativas para 2023: Novo Declínio
Em 2023, a expectativa é de que o crédito imobiliário com recursos da poupança feche em R$ 156 bilhões, confirmando mais um ano de retração. Tiago Gonçalves Prestes aponta que essa tendência está diretamente ligada à manutenção de juros elevados e à menor confiança do consumidor em um cenário econômico ainda incerto. “Com os juros altos, o custo do crédito continua elevado, o que afasta potenciais compradores. Além disso, a inflação e a diminuição do poder de compra da população também impactam o setor.”

No entanto, ele pondera que essa queda, embora significativa, ainda está dentro de níveis relativamente saudáveis para o mercado imobiliário brasileiro. “O setor se ajusta ao cenário macroeconômico, e ainda que o volume de crédito seja menor do que nos anos anteriores, há uma tendência de estabilização a médio prazo, à medida que a economia se acomoda”, conclui Tiago.

Perspectivas Futuras
Para os próximos anos, Tiago Gonçalves Prestes acredita que o setor imobiliário pode voltar a crescer, especialmente se houver uma redução nas taxas de juros, como esperado por alguns analistas. “Se a Selic começar a cair novamente, o crédito imobiliário pode se tornar mais acessível, estimulando tanto o financiamento quanto o crescimento das vendas no setor”, afirma.

Tiago também ressalta a importância de políticas públicas e programas de incentivo ao setor, que podem ajudar a manter o mercado aquecido, mesmo em tempos de juros mais altos. “Programas como o Casa Verde e Amarela podem desempenhar um papel crucial, proporcionando crédito com condições mais acessíveis para faixas de renda específicas, ajudando a sustentar a demanda por imóveis.”

Conclusão
O crédito imobiliário, que atingiu seu auge em 2021, vem enfrentando desafios nos últimos anos, com quedas consecutivas em 2022 e 2023. Segundo Tiago Gonçalves Prestes, o cenário é resultado das condições econômicas e das políticas monetárias vigentes, mas o setor tem potencial para voltar a crescer no futuro, dependendo da conjuntura macroeconômica e de possíveis ajustes na política de juros.

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