Dia do profissional de educação física: Um outro olhar sobre a profissão

Com informações do Diário de Pernambuco

Em busca da valorização e entendimento das várias áreas que englobam a educação física, no dia 1º de setembro é comemorado o dia deste profissional. A data entrou para o calendário devido à instituição da Lei Federal nº 9696, em 1º de setembro de 1998, que regulamentou a Profissão de Educação Física e criou os Conselhos Federais e Regionais de Educação Física.

A atividade física é vista como um importante fator para a promoção da saúde e a demanda para esse serviço cresce a cada dia mais, principalmente no período pós isolamento social, pois o longo período em casa mudou a perspectiva das pessoas em relação aos próprios cuidados com a saúde, e evidenciou a importância disso. O educador físico pode seguir pelo bacharelado ou pela licenciatura, porém ambos têm um papel fundamental e indispensável. No entanto, é comum a associação do profissional à somente um nicho da profissão, que é o que contempla os profissionais de academias e personal trainers. Essa visão de que treinos são estritamente ligados à construção de corpos musculosos, coloca em segundo plano os outros inúmeros benefícios que a prática de atividades físicas traz, e todas as outras áreas que a profissão abrange.

Um exemplo de profissional que trabalha fora da visão convencional é o educador físico João Victor de Sousa, de 24 anos, que atua com a educação física especial aplicada ao Transtorno do Espectro Autista (TEA). No ano de 2015 ele cursava fisioterapia, mas a facilidade em lidar com crianças foi o principal fator para que ele migrasse de área e começasse a cursar educação física, porém com foco em ser treinador de futebol infantil. Um tempo depois surgiu uma oportunidade de estágio na área da educação física especial, e em sua primeira experiência ele teve êxito em acalmar uma criança em crise. A partir disso, mesmo sem o conhecimento teórico, ele descobriu sua área na profissão. Atualmente ele trabalha em uma clínica na Zona Sul do Recife especializada no desenvolvimento infantil e está aperfeiçoando seus conhecimentos na área com uma pós graduação em psicomotricidade clínica e institucional, que consiste na integração da parte motora e psíquica, através de estímulos. Sua abordagem profissional é focada na psicomotricidade relacional.

Durante uma sessão com seu aluno Jehan Victor, de 8 anos, João realizou diversas atividades trabalhando a parte motora do infanto. A sessão ocorreu no Parque Dona Lindu, localizado em Boa Viagem, zona Sul do Recife, e o principal objetivo da criança era brincar no “parque de madeira”. O profissional utilizou isso como estímulo e todas as atividades foram direcionadas para o objetivo final dele. O pai da criança, Jehan Fonseca, afirma que o filho possui hiper foco em atividades de seu interesse, causando dispersão nas demais. Por esse motivo, ele prefere que as atividades sejam realizadas ao ar livre e num ambiente com diversas distrações, para trabalhar o foco e atenção nas atividades.

 


João Victor de Sousa e seu aluno Jehan durante a sessão. (Foto: Camile Barros)

João afirma que além da motora, a educação física desenvolve as áreas cognitiva, social e interativa. “Minha abordagem é focada na psicomotricidade relacional, que estimula o brincar livre e espontâneo. Nas sessões em grupo as crianças interagem com outras crianças, desenvolvendo a interação e socialização delas. Isso gera segurança nos pais em mandarem seus filhos atípicos para a escola sabendo que eles terão pouca ou nula dificuldade em interagir socialmente”, aponta.

Um outro exemplo de profissional é a professora de educação física Norma Andrade, de 63 anos, os quais dedicou mais de 40 anos para a profissão ensinando a seus alunos os benefícios da ginástica tanto para o bem-estar físico quanto para o mental. Assim como João, Norma é pós graduada em psicomotricidade e diz não se acomodar e buscar sempre mais qualificações para ela e suas alunas. Atualmente ela trabalha no Recife Ativo, dando aulas de ginástica para idosas e adultas, na associação de moradores do Alto José Bonifácio, bairro localizado na Zona Norte do Recife. “Em minhas aulas, as idosas, que são o público majoritário, fortalecem os músculos e aumentam a tonicidade e equilíbrio. Utiliza dança, movimentos rítmicos e dependendo da resistência, também utilizo carga. Porém, o maior benefício é o mental, pois durante as aulas elas se divertem e se sentem ativas novamente”, destaca a profissional. Seu maior lema é: “Mente sã, corpo são.”

No momento, Norma também está trabalhando nos Jogos da Pessoa Idosa, evento realizado pela Prefeitura do Recife. Ela relatou que durante o evento, uma idosa de 82 anos chamada Josefa, que possuía bastante receio por afirmar não saber jogar nada, perguntou: “Norma, tem todo ano?”. Ao responder que sim, ela teve como resposta: “Pois enquanto eu estiver viva, quero participar”.

 

Norma e suas alunas durante os Jogos da Pessoa Idosa 2022. (Foto: Reprodução)

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