“A morte habita à noite”: Eduardo Morotó estreia seu primeiro longa-metragem

Filme pernambucano chega às salas de cinema nesta quinta-feira (15), com sessão especial no Recife

Premiado por curtas-metragens como “Todos esses dias que somos estrangeiros” e “Eu nunca deveria ter voltado”, o diretor pernambucano Eduardo Morotó estreia o seu primeiro longa-metragem. “A morte habita à noite” chega nesta quinta-feira (15) às salas de cinema de 12 capitais brasileiras.

No Recife, cidade que serve de cenário para a trama do filme, será realizada uma sessão especial seguida de debate, a partir das 19h, com a presença do diretor, da produtora Mannu Costa, da atriz Enddi e mediação de Érico Andrade.

A produção conta a história de Raul (Roney Villela), um homem de meia-idade alcoólatra e desempregado. Após presenciar um suicídio e ser abandonado pela namorada (Mariana Nunes), ele encontra em Cássia (Enddi), uma jovem desgarrada e cheia de vida, novos significados para o amor e a morte.

O filme é uma derivação do curta “Quando morremos à noite”, produzido por Morotó em 2011. A inspiração para o trabalho vem da obra literária do escritor alemão Charles Bukowski, mais especificamente do conto “A mulher mais linda da cidade”.

Morotó resgata da experiência com o curta a parceria com o ator Roney Villela, o que foi essencial na transição de formatos, segundo o diretor. “A presença dele me trouxe segurança na hora de trabalhar um personagem já esboçado anteriormente. Nosso ponto de partida era de que o Raul representa a decadência de um certo tipo de masculinidade e a sua necessidade de transformação”, pontua o cineasta.

Marcado por uma grande melancolia urbana, o longa leva para a tela áreas de grande movimentação no Centro do Recife, como a Praça do Sebo e a Ponte de Ferro, além de cenas gravadas em imóveis degradados.

“Queria muito colocar o público dentro de ambientes em estado de ruína, porque acredito que isso gera reconhecimento e compaixão diante desses personagens. Não é uma fantasia, mas a realidade de tantos brasileiros que vivem na extrema pobreza”, comenta.

“A morte habita à noite” passou por festivais como o de Roterdã, do Rio e Internacional del Nuevo Cine Americano Havana. Depois da primeira experiência, o diretor já prepara o seu próximo longa, que deve ser filmado no segundo semestre de 2023.

“Irmãos Caraíbas” vai contar a história de um grupo de garçons nordestinos que sai de uma pequena cidade para morar na Baixada Fluminense. “O filme fala sobre o cotidiano desses amigos, que dividem a mesma casa e trabalham no mesmo restaurante, até que um deles se envolve em um briga e muda um pouco o destino de todos”, adianta.

Radicado no Rio de Janeiro, Morotó parte de uma reflexão sobre o fato de tantos postos de subemprego no Sudeste serem ocupados por migrantes nordestinos. A inspiração também vem do município de origem do diretor, Frei Miguelinho, nacionalmente conhecido por “exportar” garçons. “Conheço muitas histórias desses trabalhadores que foram morar fora para tentar a vida. Quis fazer um filme sobre eles e sobre o lugar de onde eu vim”, conta.

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